ACESSIBILIDADE URBANA NAS CIDADES BRASILEIRAS E SEUS DESAFIOS

Você sabe o que é a acessibilidade urbana?

A acessibilidade urbana compreende a possibilidade e garantia de que todos os indivíduos sejam capazes de desfrutar, conviver e se locomover em espaços públicos, independentemente de limitações físicas, sensoriais ou cognitivas. É um direito que deve ser assegurado a todos os cidadãos, possibilitando sua inclusão e sua participação ativa na vida social, econômica e cultural do país.

Embora seja um direito, no Brasil a acessibilidade urbana ainda não foi garantida de maneira efetiva aos seus cidadãos. Infelizmente, verifica-se na maioria das cidades brasileiras um desrespeito às necessidades daqueles que carecem de atenção específica. Idosos, deficientes visuais e físicos, por exemplo, necessitam ter suas demandas pessoais asseguradas, não apenas pela legislação, mas por um conjunto de iniciativas reais que possam realizá-la.

Figura 1: Acessibilidade Urbana.

Vejamos alguns exemplos de acessibilidade.

Acessibilidade urbana para idosos

            Os idosos enfrentam diversos desafios quanto à acessibilidade em ambientes urbanos. Calçadas irregulares, falta de rampas, de escadas rolantes e de sinalização adequada, além da falta de infraestrutura que viabilize sua locomoção, são exemplos de tais desafios. Para enfrentá-los sugere-se a implementação de dispositivos como pisos táteis, assentos prioritários e sinalizações visíveis. Em regra, iniciativas como essa ensejarão independência aos idosos, fazendo com que possam circular em áreas urbanas com segurança e conforto.

Acessibilidade
Figura 2: Acessibilidade urbana para idosos – rampa e corrimão.

Acessibilidade urbana para deficientes visuais

Para os deficientes visuais, a cidade pode ser um labirinto de obstáculos. Para eles, a acessibilidade urbana inclui a instalação de pisos táteis, sinalizações sonoras – em semáforos, por exemplo – e a eliminação de obstáculos que possam atrapalhar seu percurso e causar acidentes. A implementação de dispositivos como esses possibilitam um deslocamento seguro e independente a esses indivíduos, aumentando seu bem-estar e autonomia.

Figura 3: Acessibilidade urbana para deficientes visuais- piso tátil.

Acessibilidade urbana para deficientes em geral

A acessibilidade urbana para deficientes em geral abrange um conjunto amplo de medidas que vão desde rampas de acesso e elevadores até banheiros adaptados e sinalização inclusiva. A implementação desse tipo de infraestrutura é essencial para a inclusão de todos os cidadãos na vida social urbana e, portanto, necessita de planejamento integrado que leve em consideração as necessidades e principais dificuldades dos indivíduos que apresentam alguma debilidade.

O projeto de acessibilidade em vias urbanas visa garantir a inclusão e a segurança dos seus usuários por meio da implantação de dispositivos de acessibilidade em locais estratégicos de uma determinada região como, por exemplo, faixas de pedestres, travessias elevadas, rampas de acesso e implantação de pisos podotáteis nas calçadas. Essas medidas são essenciais para proporcionar acesso aos espaços urbanos a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, idosos, gestantes e crianças.

A escolha e o dimensionamento desses elementos dependem das características locais, do fluxo de pedestres e das normas de acessibilidade vigentes. Um planejamento detalhado, considerando o contexto urbano, a topografia, a presença de edificações e a interação com outros modais, são fundamentais para garantir a eficiência do projeto de acessibilidade.

Veja-se abaixo um projeto de acessibilidade desenvolvido pela Barbato Estudos de Engenharia.

Figura 3: Acessibilidade urbana para deficientes visuais – piso tátil.
Fonte: Barbato Engenharia

Obstáculos para a implementação

Embora tenha havido, nas últimas décadas, significativos avanços legislativos e das iniciativas públicas e privadas, a implementação de dispositivos de acessibilidade urbana nas cidades brasileiras enfrenta diversos obstáculos. Veja-se alguns deles:

  1. Falta de planejamento integrado: Muitas cidades não possuem um planejamento que leve em consideração a acessibilidade urbana. Isso resulta em adaptações tardias que, na maioria das vezes, tornam-se ineficazes quando aplicadas a um ambiente já não acessível.
  2. Recursos financeiros limitados: A implementação de dispositivos de acessibilidade pode exigir investimentos significativos. Em um cenário de restrições orçamentárias, esses projetos frequentemente são deixados de lado e tidos como adições opcionais.
  3. Desconhecimento e falta de treinamento: Muitos gestores públicos e profissionais de engenharia desconhecem as normas técnicas de acessibilidade ou não recebem treinamento adequado para implementá-las corretamente.
  4. Manutenção inadequada: Dispositivos de acessibilidade, como rampas e pisos táteis, requerem manutenção constante para garantir sua eficácia. A falta de manutenção pode transformar essas soluções em novos obstáculos.
  5. Cultura e conscientização: A conscientização da população sobre a importância da acessibilidade ainda é limitada. Sem o apoio da sociedade, a implementação de medidas inclusivas enfrenta resistência e falta de priorização.

Como melhorar a acessibilidade urbana no Brasil?

Para superar os obstáculos aqui citados e melhorar a acessibilidade urbana no Brasil, são necessárias ações coordenadas e investimentos contínuos. Algumas estratégias essenciais incluem:

  1. Planejamento inclusivo: É fundamental que a acessibilidade seja considerada desde o início dos projetos urbanos. Cidades precisam de planos diretores que integrem a acessibilidade como um componente central e fundamental para seu desenvolvimento.
  2. Investimento em infraestrutura: Governos e iniciativa privada devem destinar recursos específicos para a implementação de dispositivos de acessibilidade. Isso inclui a adaptação de espaços públicos e o incentivo à construção de edificações acessíveis, garantindo a possibilidade de acesso de todos os indivíduos a estes locais.
  3. Educação e capacitação: Profissionais de engenharia, arquitetura e urbanismo devem ser capacitados continuamente sobre as normas técnicas de acessibilidade, além de compreender como aplicá-las e otimizar os recursos para possibilitar sua implementação. Campanhas de conscientização também são importantes para sensibilizar a população sobre o tema.
  4. Fiscalização e manutenção: É necessário garantir que os dispositivos de acessibilidade sejam corretamente instalados e mantidos. A fiscalização deve ser rigorosa, e os recursos para manutenção devem ser assegurados para que, com o passar do tempo, a acessibilidade continue garantida aos cidadãos que dela dependem.
  5. Participação social: A inclusão de idosos e de pessoas com deficiência no processo de planejamento e avaliação das políticas de acessibilidade é fundamental. Suas experiências e necessidades devem ser ouvidas e, assim, guiar a implementação das medidas necessárias.

Em linhas gerais, a acessibilidade urbana é um direito fundamental que promove a inclusão de todos os cidadãos na vida social. O exercício desse direito poderá possibilitar aos cidadãos usufruir de uma mobilidade urbana verdadeiramente inclusiva, que contemple idosos, deficientes visuais e pessoas com algum tipo de limitação.

Embora a implementação de dispositivos de acessibilidade nas cidades brasileiras enfrente inúmeros desafios e descaso, é necessário superá-los por meio de planejamento, investimento, educação e participação social. Ao construir cidades mais acessíveis, garante-se um ambiente urbano mais justo, acolhedor e confortável para que todos possam dele desfrutar.

Para mais informações sobre temas correlatos à acessibilidade urbana acesse nosso blog ou agende uma consulta na Barbato Estudos de Engenharia por aqui.

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Tempo de leitura: 4m30s

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Referências Bibliográficas

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MEDEIROS, V. A., & NETO, M. S. (2016). Acessibilidade urbana e inclusão social: análise de projetos e políticas públicas no Brasil. Revista de Políticas Públicas, 20(1), 67-83.

NUNES, R. A., & SCHOR, T. (2018). Acessibilidade urbana: a política pública de acessibilidade para deficientes físicos em Manaus/AM. Revista Geonorte, 9(34), 150-167.

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